Arquidiocese de Braga -
15 junho 2016
Maioria das crianças refugiadas chega à Europa sozinha
DACS
Mais de 92% das cerca de 7009 crianças refugiadas e migrantes chegaram sozinhas nos primeiros cinco meses do ano.
Nove em cada dez crianças chegadas a Itália como refugiadas e migrantes não vêm acompanhadas, refere um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Desde o início deste ano, 7009 crianças realizaram sozinhas a travessia do Norte de África para Itália. Estas crianças são obrigadas a trabalhar durante a travessia, expostas a “riscos de violência e exploração sexual”, refere a UNICEF.
"É uma situação desesperada, envolta pelo silêncio - está longe dos nossos olhos, e por isso é ignorada”, lamenta Marie-Pierre Poirier, coordenadora especial da UNICEF para a crise dos refugiados e migrantes da Europa.
O relatório publicado esta Terça-feira expõe depoimentos de crianças e adolescentes que tentaram chegar à Europa não acompanhadas: "Se tentas fugir, eles atiram sobre ti e morres. Se paras de trabalhar, batem-te. Era como no tempo do comércio dos escravos", diz Aimamo, 16 anos, sobre a quinta na Líbia, onde trabalhou com o irmão gémeo durante dois meses para pagar aos traficantes.
Outro relato de uma criança mostra a violência a que são expostas: “Uma vez parei cinco minutos para descansar, e um homem bateu-me com um pau. Depois do trabalho, fecham-nos entre portas e não nos deixam sair.”
A UNICEF alerta que o número de crianças refugiadas e migrantes sozinhas vai aumentar na rota do Mediterrâneo Central, com a chegada do verão.
Actualmente, cerca de 235.000 migrantes estão na Líbia e dezenas de milhares são crianças não acompanhadas querem chegar à Europa.
“Na União Europeia e noutros países de destino, esta é uma oportunidade para introduzir reformas políticas e legislativas que se traduzam por mais oportunidades para a criação de canais seguros, legais e regulares para estas crianças”, acrescentou Marie Pierre Poirier.
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