Arquidiocese de Braga -
23 outubro 2016
A alegria do amor - 25
Carlos Nuno Salgado Vaz
Os critérios e as estratégias da «Exortação pós-sinodal» sobre a família.
O documento dos bispos da região de Buenos Aires, que tem a aprovação explícita do papa Francisco, começa por dizer que o desafio da mencionada Exortação é que, antes de mais nada: «façamos crescer o amor dos casais e motivar os jovens para optarem pelo matrimónio e a família». Estes dois temas não podem ser descurados nem ofuscados por outras questões.
Não é a questão dos divorciados em nova união a questão mais relevante dos problemas da vida familiar. Mas, sobre esta questão, os bispos de Buenos Aires – uns 20, abrangendo uma população de 13 milhões de habitantes – propõem alguns critérios mínimos: «sem prejuízo da autoridade que cada bispo tem na sua própria Diocese para os precisar, completar ou abalizar».
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Dizem que não convém falar de permissões para aceder aos sacramentos, mas de um processo de discernimento acompanhado por um pastor. «É um discernimento pessoal e pastoral».
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Neste caminho, o pastor deve acentuar o anúncio fundamental, o chamado ‘Kerigma’ «que estimule ou renove o encontro pessoal com Jesus Cristo».
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Este acompanhamento é um convite a seguir «o caminho de Jesus, o caminho da misericórdia e da integração» (cf. número 296). Este caminho exige que o pastor acolha o penitente com ternura, o escute atentamente e lhe mostre o rosto materno da Igreja, suscitando no interlocutor que ele fale com recta intenção e com o bom propósito de colocar a vida inteira à luz do Evangelho e de praticar a caridade (306).
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Este caminho não acaba necessariamente nos sacramentos, mas pode orientar para outras formas de se integrar na vida da Igreja: «uma maior presença na comunidade, a participação em grupos de oração e reflexão, o compromisso em diversos serviços eclesiais» (299).
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Quando ambos forem cristãos com uma caminhada de fé, pode ser factível propor-lhes o empenho de viver na continência. Embora se saiba muito bem quantas dificuldades coloca esta opção, não pode deixar de ser proposta como um desafio a quem está disposto a seguir caminhos reais de integração. E não faltam casos destes. Como não faltam os casos em que um dos cônjuges está ciente da nulidade da primeira união e tudo faz para que seja declarada no tempo devido, abstendo-se entretanto da comunhão sacramental, mas revigorando a comunhão espiritual.
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Quando não for factível a declaração de nulidade, tendo feito o discernimento e verificando que há limitações que atenuam a responsabilidade e a culpabilidade (cf. 3101 e 302) «especialmente quando uma pessoa considere que cairia numa falta posterior, prejudicando os filhos da nova união», a Exortação abre a possibilidade do acesso aos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia (cf. notas 336 e 351).
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Isto jamais poderá ser visto como um acesso irrestrito aos sacramentos. «Nestes casos mais difíceis, nós, pastores, devemos acompanhar com paciência, procurando algum caminho de integração».
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É importante orientar as pessoas a colocarem-se com a sua consciência diante de Deus, examinando sobretudo o comportamento com os seus filhos e com o cônjuge abandonado. Quando houve injustiças não resolvidas, o acesso aos sacramentos é particularmente escandaloso.
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A comunidade deve ser também acompanhada para viver um real espírito de acolhimento, sem que isso ponha em causa a indissolubilidade do matrimónio cristão. A comunidade deve interiorizar bem e ser levada a compreender que é «instrumento da misericórdia», «que é sempre imerecida, incondicional e gratuita» (cf. 297).
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«O discernimento nunca acaba, porque «é dinâmico e deve permanecer aberto a novas etapas de crescimento e a novas decisões que permitam realizar o ideal de maneira mais plena», segundo a lei da gradualidade (295) e confiando na ajuda da graça.
Temos aqui os critérios mínimos, mas extremamente exigentes, quer para os penitentes, quer sobretudo para os pastores. Haja seriedade e reta intenção. Quem nos quiser enganar, enganando-se também a ele mesmo, nem pede conselho nem ajuda. Mas isto também acontecerá sempre, infelizmente. Não pode nem deve condicionar-nos no discernimento pastoral.
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