Arquidiocese de Braga -
29 janeiro 2020
Pe. Mário Martins apresentou Tese de Doutoramento
DACS com DAPV
“A visita pastoral canónica do bispo à diocese, uma expressão da sinodalidade eclesial” foi ontem apresentada no Espaço Vita.
O Pe. Mário Martins, Director do Seminário de Nossa Senhora da Conceição, Vigário Judicial do Tribunal Metropolitano Bracarense e Coordenador do Departamento Arquidiocesano da Pastoral Vocacional, apresentou ontem, dia 28 de Janeiro, a sua Tese de Doutoramento em Direito Canónico, agora publicada com o título “A visita pastoral canónica do bispo à diocese, uma expressão da sinodalidade eclesial”.
"De facto, faz sentido apresentar esta obra na continuidade do tema que fomos reflectindo esta manhã. Também é uma feliz coincidência fazermos esta apresentação no dia de S. Tomás de Aquino. Ele que foi um grande mestre da Filosofia e da Teologia, ele que foi um inspirador do Direito da Igreja, sobretudo na Alta Idade Média e, por isso, que Deus nos dê, como a S. Tomás de Aquino, inteligência humana esclarecida e que esclarecidos possamos encontrar juntos os melhores caminhos para a Igreja, como, aliás, sempre temos feito", começou por dizer o Pe. Mário Martins.
O sacerdote sublinhou ainda o facto de esta ser a primeira obra a “cruzar” a realidade da visita pastoral com a categoria da sinodalidade, estabelecendo uma relação de dois conceitos fundamentais.
"Procuramos não apenas conceptualizar a sinodalidade como categoria interpretativa e dinâmica da comunhão, como demonstra a capa do livro, mas também mostrar em que sentido o instituto canónico da visita pastoral, como tratam os cânones 396 a 398. A visita pastoral surge como sua expressão concreta, permitindo à Igreja trilhar um caminho conjunto de unidade e diversidade de todos os baptizados, realizar uma verdadeira experiÊncia sinodal, transversal e total, tocando e potenciando desta forma todos os níveis da vida eclesial da diocese, de cada comunidade e de cada um dos seus membros", explicou o Pe. Mário.
D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz, que prefaciou a publicação, congratulou-se com a publicação e qualidade da obra apresentada, fruto de um grande empenho da Arquidiocese na formação.
"A Arquidiocese ultimamente, nos últimos anos, tem investido bastante na formação, não lamentando o gasto que isso traz, antes pelo contrário e reconhecendo esse investimento como muito importante para o presente e futuro da Arquidiocese. Acredito que quando um sacerdote se enriquece em termos intelectuais, procurando efectivamente colocar-se um pouco mais dentro da dinâmica de alguns sectores, é a própria diocese que também se enriquece", adiantou.
O prelado afirmou que tanto a Pastoral como o Direito são imprescindíveis na vida da própria Arquidiocese e que a tese em questão demonstra exactamente isso: a visita pastoral, que fez parte da história da Igreja, ainda continua a pertencer à Pastoral, mas deve ser revista para poder perceber-se os frutos que daí poderão advir.
"A presença do bispo é uma coisa que vem «perturbar» a comunidade, mas também enriquecê-la, que contribui para a renovação das paróquias e, consequentemente, da diocese. A renovação da Igreja passa pela sinodalidade, a visita pastoral supõe-na e orienta também para essa sinodalidade", concluiu.
O prelado concluiu que a Tese de Doutoramento do Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico Metropolitano Bracarense confirma um caminho que a Arquidiocese tem que percorrer em termos da sua própria renovação, apelando a que todos aproveitem “a sua leitura e reflexão, que deverá acontecer não apenas por ocasião da visita pastoral, mas como dinamismo pastoral que nos situa na linha da renovação pastoral”.
O Cónego José Paulo Abreu, que apresentou o livro, salientou que foi intenção do autor aprofundar a temática da visita pastoral do bispo à diocese, com uma forte incidência no seu percurso histórico-jurídico, mas também abordá-la enquanto instrumento de governo pastoral que expressa de forma singular a sinodalidade eclesial.
"O livro divide-se em duas partes substanciais. Na primeira trata-se o percurso histórico-jurídico da visita pastoral. Desde o princípio até aos dias de hoje. Na segunda, mais pastoral e teológica, fala-se da visita pastoral como expressão da sinodalidade eclesial", explicou.
O Vigário Geral saudou o “tom de sinodalidade” com que se desenvolveu todo o estudo, tecendo grandes elogios ao autor e ao trabalho realizado, pela complexidade do tema e pela extensão da pesquisa desenvolvida.
"O Pe. Mário faz propostas e sugestões sobre como deveria ser hoje feita a visita pastoral. Seria um processo mais complexo e formativo, seria necessário um contacto mais próximo com a paróquia antes de própria chegada do Bispo. Há sugestões que me parecem extremamente válidas, fica o desafio. Gostei muito de ler, penso que merece séria reflexão de ler, há aí novidades a estrear, fica a ideia de que a Igreja pode retirar muito das visitas pastorais", afirmou, desafiando os presentes a uma leitura atenta do livro.
Já o autor enfatizou que “se à primeira vista parece um trabalho analisado do ponto de vista hierárquico, ao lermos o seu conteúdo verificamos que a presente temática contém uma abordagem essencialmente assente na realidade das nossas comunidades cristãs e na vitalidade que a participação laical transmite na colaboração com os pastores.”
Segundo o Pe. Mário, o objectivo é que a visita, uma obrigação jurídica e pastoral do bispo diocesano, se torne "um instrumento deveras elucidativo para a totalidade da vida pastoral da Igreja" fazendo com que todo o serviço eclesial seja verdadeiramente sinodal, onde todos, vivendo a sua vocação de cristãos, se assumem, a partir da sua identidade, como membros ativos e corresponsáveis na construção da Igreja de Jesus Cristo.
Depois de algumas palavras de agradecimento dirigidas a todos os que contribuíram para a concretização desta obra agora publicada, o Vigário Judicial terminou a sua intervenção “lançando um veemente apelo à sua leitura, para que possa ser reflectida por todos”, enaltecendo que “se esta obra for colocada nas nossas mãos, bispos, sacerdotes e leigos, valerá não pelo número de edições que possa vir a ter, mas pelo contributo que poderá trazer ao nosso modo de ser Igreja universal, Igreja particular e Igreja local.”
Outra apresentação de “A visita pastoral canónica do bispo à diocese, uma expressão da sinodalidade eclesial” irá decorrer no dia 22 de Maio, no Auditório Municipal, em Esposende, promovida pela Câmara Municipal da terra natal do Pe. Mário Martins, que também se quis associar ao evento.
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