Arquidiocese de Braga -
13 fevereiro 2020
Médicos católicos alertam que "cuidados paliativos não podem ter listas de espera"
DACS com Agência Ecclesia
Debate das propostas do PS, BE, PAN, Verdes e Iniciativa Liberal está agendado para dia 20 de Fevereiro.
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) alerta para os “riscos de desinvestimento” nos cuidados paliativos caso a despenalização da eutanásia seja aprovada na Assembleia da República no dia 20 de Fevereiro.
Em comunicado, a AMCP afirma que o Serviço Nacional de Saúde apresenta “enormes deficiências” e uma “parte significativa da população” está em listas de espera a aguardar consultas e cirurgias. “Os cuidados paliativos não podem ter listas de espera", reitera a associação, referindo que “todos” querem ter a “oportunidade de ter uma morte assistida”.
“Actualmente não existe no SNS uma resposta adequada neste tipo de assistência à população. Devemos defender uma morte assistida em vez de se cair no facilitismo de se promover uma vida abreviada”, acrescenta.
A associação de médicos católicos diz que “é urgente humanizar o fim de vida” e todos devem “exigir” que o Estado não se demita de oferecer aos doentes com doenças ameaçadoras para a vida e às suas famílias “os cuidados paliativos de que necessitam”.
Opondo-se à legalização da eutanásia, a AMCP declara que uma lei nesse sentido colocará “os doentes com doenças graves e incuráveis numa situação de enorme pressão para pedirem a eutanásia, já que a maioria da população não tem acesso aos cuidados paliativos. A legalização da eutanásia não poder servir de pretexto para atenuar a consciência social da importância e urgência de alterar esta situação”, desenvolve.
A associação alerta para a situação dos muitos doentes, “de modo particular os que se encontram numa maior solidão”, que vão ser “pressionados a requerer a eutanásia”, porque sem um adequado apoio no fim de vida, “sentir-se-ão inúteis e mais um fardo para a sociedade”.
“O Estado, ao não garantir um apoio universal nos cuidados paliativos, irá precipitar que estes doentes caiam no desespero, desistam de viver, e peçam a eutanásia”, garantem os médicos católicos.
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses lembra que a eutanásia e o suicídio assistido “não são tratamentos médicos” e que “não compete” à medicina dar respostas sobre o sentido da vida, mas “tratar as doenças, cuidar e aliviar o sofrimento humano”.
A Assembleia da República agendou para 20 de Fevereiro o debate dos projectos do Partido Socialista, Bloco de Esquerda, partido Pessoas-Animais-Natureza, Verdes e Iniciativa Liberal sobre a despenalização da eutanásia em Portugal.
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