Arquidiocese de Braga -
20 maio 2021
Igrejas cristãs em Portugal preparam certificação verde de comunidades
DACS com Agência Ecclesia
Avaliação ecológica vai incluir os espaços de culto e envolventes, assim como a vida das comunidades.
As Igrejas cristãs presentes em Portugal estão a preparar um memorando para encontrar práticas comuns para as comunidades fazerem um caminho de conversão ecológica. De acordo com a Agência Ecclesia, a avaliação ecológica vai incluir os espaços de culto e envolventes, assim como a vida das comunidades.
João Luís Fontes, da Comissão Executiva da Rede Cuidar da Casa Comum, explicou à Agência Ecclesia que “haverá uma grelha para uma avaliação ecológica, para aferição de vários domínios como os espaços de culto, a vida das comunidades, o espaço envolvente, com vista a uma efectiva conversão ecológica para melhorar a relação com a Casa comum”.
Para além da oração comum, porque “os cristãos assinalam a importância de ligar a oração e a acção, que os leva a perceber que isto decorre de um mandato de Deus”, as Igrejas cristãs procuram desenvolver trabalho comum. A intenção é à semelhança do que acontece em França, com a Igreja Verde, avançar com um “sistema de ecocertificação” que implica um conjunto de eco-princípios.
João Luís Fontes afirma que “o memorando é um chapéu lato de 'eco-entendimento'. As comunidades poderão ser ecocertificadas, mas haverá outros projectos comuns que vão mostrando a viabilidade deste caminho, podendo também desenvolver-se uma reflexão bíblico-teológica, com propostas a dirigir a todas as Igrejas”.
Para Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana de comunhão anglicana, o memorando é “uma expressão muito bonita” de como as Igrejas, “nas suas diferenças, podem encontrar áreas transversais de compromisso e colaboração”.
“Vamos procurar sempre que esta dimensão da eco-teologia se traduza na justiça social e económica. O que queremos é que, através do compromisso ambiental, possamos promover um comércio mais justo, que respeite a dignidade humana e não explore a mão de obra dos migrantes ou das crianças, e que apele a uma maior igualdade de género”, acrescentou Jorge Pina Cabral.
A reflexão conjunta que sustenta o documento parte de uma interpretação bíblica comum que considera a “Criação como um dom de Deus, a humanidade como mordomo da criação” e tudo o que rodeia como parte do ser humano.
João Luís Fontes reconhece que algumas Igrejas e comunidades têm sido empreendedoras no caminho de cuidar da Casa Comum e quer actualizar as suas práticas rumo a uma conversão ecológica, mas deseja que, com a assinatura comum do memorando, novas acções possam ter lugar.
“Esperamos que possam aparecer desafios e pedidos do terreno que nos obrigam a refletir e a dar respostas”, sugere o teólogo e membro do Fórum Ecuménico Jovem, que também recorda o quanto “cuidar da criação e procurar uma ecologia integral” tem sido um caminho “privilegiado de colaboração entre as Igrejas”.
“Há documentos de líderes religiosos e documentos ecuménicos – que resultaram na Carta Ecuménica que está a celebrar 20 anos – onde esta dimensão já estava contemplada de forma muito clara como via comum entre os cristãos”, sublinha João Luís.
A ecologia integral e a participação mais efectiva dos cristãos na construção de uma Europa mais “social e fraterna” foram desafios partilhados no encontro de uma delegação ecuménica com representantes da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE), da Conferência Europeia de Igrejas (CEC) e com o ministro de Estado e Negócios Estrangeiros no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
A assinatura do memorando está prevista para o dia 12 de Junho, data da celebração dos 50 anos do Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC).
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