Arquidiocese de Braga -
9 junho 2021
Teólogos lançam apelo: “Salvar a Fraternidade – Juntos”
Entre os teólogos que assinam o documento encontra-se João Manuel Duque, Pró-Reitor da Universidade Católica Portuguesa e Presidente do Centro Regional de Braga da UCP.
"Salvar a Fraternidade – Juntos” é um manifesto escrito por um grupo de dez teólogas e teólogos, por iniciativa do presidente da Pontifícia Academia para a Vida, D. Vincenzo Paglia, e do presidente do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimónio e da Família, Pierangelo Sequeri.
Entre os teólogos que assinam o documento encontra-se João Manuel Duque, Pró-Reitor da Universidade Católica Portuguesa e Presidente do Centro Regional de Braga da UCP.
“O que propomos nestas páginas é um apelo ao questionamento, não simplesmente para receber ou rejeitar uma análise. (…) O apelo, por outro lado, a «salvar juntos a fraternidade», surge directamente da provocação da Encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco. A nossa proposta é recolher o sentido profundo desta provocação definitiva – dirigida a uma Igreja instada a abrir-se e a um mundo tentado a fechar-se – inaugurando o clima de uma «fraternidade intelectual» que reabilita o elevado sentido de «serviço intelectual» que os profissionais da cultura – teológica e não teológica – devem à comunidade”, lê-se na primeira página do documento.
O conjunto de teólogos sente que se “encerrou moralmente o tempo de qualquer galanteio intelectual com o exercício despreocupado de profanar o relativismo da communitas humana, bem como o tempo da repetição obtusa de fórmulas sagradas que preservam um vazio de afectos e vínculos capaz de reavivar, para todos, no sinal da nomeação de Deus, a esperança evangélica de um destino comum da criatura humana”.
No epílogo, assinado por D. Vincenzo Paglia, é dito que este apelo “exige a honestidade intelectual da crítica e da autocrítica, da mesma forma que impõe um pacto testemunhal que pede a exposição pessoal do compromisso de honrar a dignidade da vida humana em favor do outro”.
“Esta honestidade e esta aliança – que aprendemos no Evangelho de Jesus – tornam crível finalmente o pensamento da proximidade de Deus e da fraternidade humana. O pensamento e a prática comum deste compromisso – que o pensamento religioso e não religioso pode encontrar nas motivações mais elevadas – deve inspirar um novo cuidado pelo mundo e uma nova reabertura da história”, lê-se no apelo.
Os teólogos realçam ainda que neste “espírito de fraternidade intelectual e testemunhal, há muito que pode ser proveitosamente discutido: nada se perderá inutilmente. O apelo ao espírito de fraternidade não pode ser consumido na degradação de uma visão empática e sentimental da unidade das espécies; nem pode ser remetido à visão mítica e utópica de uma política de bem-estar romântica sem fronteiras”.
“A reabilitação da fraternidade é uma questão séria, que deve ser pensada com profundidade ainda não explorada, para o nosso tempo: pelo cristianismo e pelas religiões, pela política e pelo poder, pela filosofia e pela ciência. O tema do apelo é o seguinte: dentro da fraternidade intelectual tudo pode ser ganho, fora dela tudo pode ser perdido”, explicam.
Já no posfácio, D. Paglia pede ainda às instituições eclesiais que façam a sua parte no que diz respeito à “promoção de um diálogo mais profundo e assíduo entre a inteligência da fé e o pensamento humano. Nesta renovação a teologia e a pastoral convergem como as duas faces de uma mesma acção”.
“Espera-se que esta proposta incentive um novo espírito de fervor e transparência, capaz de envolver fortemente a comunidade teológica, bem como a comunidade intelectual e científica sensível às questões actuais do humanismo e à genuína identificação da experiência religiosa, no contexto actual”, concluem.
O documento encontra-se disponível em Italiano, Inglês, Francês e Espanhol e pode ser consultado aqui.
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