Arquidiocese de Braga -

7 outubro 2021

Papa Francisco: “Menos armas e mais comida, menos hipocrisia e mais transparência, mais vacinas e menos espingardas”

Fotografia DR

DACS

“Peço-lhes, em nome da paz, que em cada tradição religiosa desactivemos a tentação fundamentalista, qualquer insinuação a fazer do nosso irmão um inimigo”, disse Francisco no encontro promovido pela Comunidade de Sant'Egidio: “Religiões e Culturas em diál

\n

O evento, que aconteceu em frente ao Coliseu, reuniu representantes das grandes religiões do mundo, além de diferentes personalidades do mundo da política – como Angela Merkel – e do activismo social, como a escritora sobrevivente do Holocausto Edith Bruck. “Povos irmãos. Dizemos isto com o Coliseu atrás de nós”, disse Francisco. “Este anfiteatro, num passado distante, foi o local de entretenimento de massas brutal: lutas entre homens ou entre homens e animais. Um espectáculo fratricida, um jogo mortal feito com a vida de muitos”, lembrou.

“Hoje assistimos à guerra, o irmão que mata o seu irmão como se fosse um jogo a que assistimos de longe, indiferentes e convencidos de que nunca nos vai tocar. A dor dos outros não nos impele”, lamentou Francisco, “nem mesmo a dor dos que caíram, dos migrantes, das crianças presas nas guerras, privadas da despreocupação de uma infância de brincadeiras”.

 

Acabar com a guerra e os fundamentalismos

“Não se pode brincar com a vida das pessoas e das crianças”, continuou, exortando os presentes a “não ficarem indiferentes” e a “terem empatia e reconhecer a humanidade comum a que pertencemos, com o seu cansaço, as suas lutas e as suas fragilidades”.

Essa é que é a “verdadeira coragem”, como afirmou Francisco.

“É a coragem da compaixão, que nos leva a ir além da vida tranquila, além do que não é da minha conta e não me pertence, a não deixar a vida dos povos ser reduzida a um jogo entre os poderosos. Não, a vida das pessoas não é um jogo, é um assunto sério e diz respeito a todos nós; não pode ficar nas mãos dos interesses de poucos ou à mercê de paixões sectárias e nacionalistas”, frisou.

Dirigindo-se directamente aos representantes das religiões, Francisco disse que não são “chamados a ceder às lisonjas do poder mundano, mas a ser a voz dos que não têm voz, o apoio dos que sofrem, os defensores dos oprimidos, dos vítimas do ódio, que são descartadas pelos homens na terra, mas que são preciosas para quem mora no céu”.

“É nossa responsabilidade, queridos irmãos e irmãs crentes, ajudar a erradicar o ódio dos corações e a condenar todas as formas de violência. Com palavras claras, exortamos à deposição das armas, à redução dos gastos militares para atender às necessidades humanitárias e à transformação dos instrumentos de morte em instrumentos de vida”, sublinhou.

“Peço-lhes, em nome da paz, que em cada tradição religiosa desactivemos a tentação fundamentalista, qualquer insinuação a fazer do nosso irmão um inimigo”, pediu.

Por fim, o Papa recordou que esta fraternidade e preocupação pelo outro passa também pelo cuidado da casa comum.

“As religiões, cultivando uma atitude contemplativa e não predatória, são chamadas a ouvir os gemidos da Mãe Terra, que é vítima de violência”, destacou.

Artigo de Elena Magariños, publicado no Vida Nueva Digital a 7 de Outubro de 2021.