Arquidiocese de Braga -
8 novembro 2021
Papa pede separação entre religião e dinheiro
DACS com Agência Ecclesia
O líder da Igreja Católica afirmou a importância de “libertar o sagrado de seus laços com o dinheiro” na recitação da oração do ângelus, no Vaticano.
O Papa Francisco pediu ontem, no Vaticano, que a religião esteja separada de qualquer ligação com o dinheiro e questionou quem vive uma fé centrada nas “aparências” e no julgamento dos outros.
O líder da Igreja Católica afirmou a importância de “libertar o sagrado de seus laços com o dinheiro” e recordou que Jesus apresentou, como ensinamento aos católicos, que “não se pode servir a dois senhores” pois “ou serves Deus – e poderíamos pensar que diria ‘ou o diabo’, mas não – ou o dinheiro”.
Em dia de recitação da oração do ângelus, o Papa partiu da passagem do Evangelho de domingo, em que Jesus Cristo chama a atenção para o donativo de uma viúva pobre, “uma das pessoas exploradas pelos poderosos”, que oferece todo o dinheiro que lhe restava ao tesouro do Tempo de Jerusalém.
Francisco explicou que esta viúva, proposta por Jesus como “mestra de fé”, se diferencia dos que tinham poder económico ou estatuto religioso, porque “não vai ao Templo para limpar a consciência, não reza para ser vista, não ostenta a sua fé, mas dá com o coração, com generosidade e gratuidade”.
O donativo da viúva expressa “uma vida dedicada a Deus com sinceridade, uma fé que não vive das aparências, mas da confiança incondicional” e o Papa apelou à aprendizagem a partir do episódio para alcançar “uma fé sem ornamentos externos, mas sincera por dentro, uma fé feita de humilde amor a Deus e aos irmãos”.
Francisco sublinhou que muitos vivem a fé com hipocrisia e “duplicidade”, com base “no culto da aparência, da exterioridade, no cuidado exagerado da própria imagem”, partindo do alerta deixado por Jesus aos seus contemporâneos, os escribas que “cobriam a sua vanglória com o nome de Deus e, pior ainda, usavam a religião para cuidar dos seus negócios, abusando da sua autoridade e explorando os pobres”.
O Papa aludiu ao problema do “clericalismo”, de quem se julga “acima dos humildes” e se considera perfeito, o que leva à exploração dos outros, fazendo um “aviso para todos os tempos e para todos, Igreja e sociedade: nunca se aproveitem do seu papel para esmagar os outros, nunca explorem a pele dos mais fracos”.
Francisco diz ainda que a vida de fé de um católico deve ter como marca “prestar um serviço a Deus e ao próximo, especialmente aos mais fracos”, e atenção para “não cair na vaidade, para não nos fixarmos nas aparências, perdendo substância e vivendo na superficialidade”.
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