Arquidiocese de Braga -

17 abril 2022

“Rapazes, tendes alguma coisa de comer?” (Jo 21, 5).

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LOC/MTC

Mensagem de Páscoa da LOC/MTC da Arquidiocese de Braga.

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 Chega de angústias e tristezas, queremos viver um tempo de canto e festa: Aleluia...Aleluia ...Aleluia... JESUS CRISTO RESSUSCITOU! 

– Ouvimos estas palavras no regresso da Visita Pascal, que enobrece e conforta o nosso estado de espírito, devolve-nos a alegria do trabalho e faz-nos abrir a nossa humilde casa, há tanto tempo fechada, para receber Jesus Ressuscitado na Cruz florida cheia de vida e fulgor. 

Apesar da pandemia, que ainda anda por aí e da guerra da Russía-Ucránia, trocar-nos as voltas, todos sentimos a necessidade de respirar alegria, receber palavras confortantes, voltar à vida normal, sentir o calor humano sem nunca esquecer que a vida continua a girar à nossa volta. 

O aumento galopante do custo de vida, sem a correção dos salários, põe-nos o coração na mão e aumenta-nos as preocupações. A guerra voltou à Europa, com os nossos irmãos Ucranianos a serem invadidos, destruídos, feridos, mutilados e mortos; crianças, mulheres e idosos procuram refúgio, noutros países e aqui em Portugal, para fugir da guerra e das suas graves consequências. Quando parece que está tudo perdido, ainda há sinais de esperança. Há alguém que pergunta: “Rapazes, tendes alguma coisa de comer?” (Jo 21, 5) Esse alguém é Jesus que se apresenta nas realidades da vida quotidiana, junto das necessidades reais do trabalho que dá alimento. O Ressuscitado aparece de surpresa junto ao mar de Tiberíades e faz aquela pergunta bonita dirigida para aqueles que antes formara. Ali junto ao mar da vida, que alguns querem controlar, que se apresenta como horizonte a apontar a fronteira de ação. Revela-nos o Seu carinho pelo encontro, pelo convívio na refeição que conduz à Eucaristia da paixão. De facto, Jesus toma sempre a iniciativa e orienta a sua Igreja para o desempenho da sua missão no mundo, onde nós estamos, em particular no mundo do trabalho e da família com todas as suas vicissitudes.

Que futuro vamos deixar para os nossos filhos e netos?

Vivemos tempos de imensas inquietações com os trabalhadores e reformados a viverem na incerteza perante o presente e futuro: a precariedade continuaa crescer imenso com baixos salários, as deficientes condições de trabalho contrastam com o mal-estar do dia laboral e cansaço acumulado, as desigualdades entre homens e mulheres, com trabalhos iguais e salários diferentes, coação psicológica junto dos trabalhadores sindicalizados e daqueles que reclamam perante as injustiças laborais. O presente e o futuro que preparamos para os nossos filhos e netos não se afigura bom. O caminho continua a ser a resiliência, a justiça, o perdão, para que os “malfeitores” deixem o acumular e passem ao partilhar e enveredem por novos caminhos, para que, também eles, possam alcançar o céu da fraternidade. Por isso nesta Páscoa, queremos ser aqueles “rapazes e raparigas” a quem Jesus se dirige a perguntar se temos alguma coisa para comer. Por muito pouco que tenhamos, como trabalhadores cristãos, conseguiremos sempre matar a fome a alguém e ajudar os caídos a levantarem-se do chão.

Santa Páscoa para todos!

 

Braga, 17 de abril de 2022,
Páscoa da Ressurreição,
A Equipa Diocesana da LOC/MTC