Arquidiocese de Braga -

13 maio 2022

Comissões Justiça e Paz sublinham desafios “sérios” no acolhimento de refugiados ucranianos

Fotografia RODRIGO ANTUNES/LUSA

DACS com Agência Ecclesia

Os responsáveis defendem que deve “haver a garantia” que os “dados sensíveis” dos migrantes ucranianos são usados “sempre de acordo com o superior interesse dos refugiados e das suas famílias”.

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A Comissão Nacional Justiça e Paz, em conjunto com oito comissões diocesanas, sublinhou os “sérios desafios” do acolhimento em Portugal dos refugiados da guerra da Ucrânia.

Numa nota, as comissões afirmam que “este afluxo de migrantes pode ser uma oportunidade de nos reinventarmos como país e sociedade, lançando as bases de uma política humanista, alicerçada no diálogo e na cooperação institucional, e na promoção de sólidas parcerias entre o sector público e privado”.

Os responsáveis defendem que deve “haver a garantia” que os “dados sensíveis” dos migrantes ucranianos são usados “sempre de acordo com o superior interesse dos refugiados e das suas famílias”, e explicam que é de “exigir” uma “mais efectiva coordenação da acção” das várias entidades públicas envolvidas neste acolhimento.

O organismo da Igreja Católica em Portugal destaca que a pessoa humana tem de “ser colocada no centro da actuação dos agentes sociais, económicos, políticos e culturais”, num movimento transversal aos diversos sectores, e que as instituições eclesiais têm uma “particular responsabilidade neste processo de mudança”.

A Comissão Nacional Justiça e Paz, e oito comissões diocesanas – Algarve, Braga, Bragança-Miranda, Coimbra, Évora, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e de Vila Real – assinalam que importa “manter aceso, no decurso dos próximos meses, o entusiasmo com que nos dispusemos a receber milhares de migrantes”, e que, quando as dificuldades que se avizinham se adensarem, impactando o nosso bem-estar quotidiano, há que manter a serenidade e não baixar os braços, lembrando que uma integração bem conseguida é um factor determinante de crescimento económico e coesão, de justiça e paz social, trazendo – pesem embora as inevitáveis tensões e constrangimentos – inúmeros benefícios”.

Os responsáveis referem que a comunicação é um “enorme desafio” no processo de integração, sublinhando que “uma larga parte” dos refugiados falam “apenas as línguas ucraniana e russa”, o que lhes traz dificuldades acrescidas. 

As comissões Justiça e Paz lembram que o diálogo “requer perseverança e paciência” e também deve ser “fomentado” nas Igrejas e comunidades cristãs, nas relações internas e com outras comunidades religiosas que “desempenham um papel determinante na boa integração dos ucranianos”.

Os organismos católicos assinalam que o tratamento aos ucranianos “coloca-os numa posição de privilégio” em relação aos demais refugiados e migrantes, e antecipam o surgimento de tensões entre migrantes e o “agravar do descontentamento dos deslocados” que enfrentaram dificuldades no processo de acolhimento. Acrescentam ainda que é preciso “gerar processos que permitam identificar, em ordem à sua superação, preconceitos profundamente enraizados na sociedade portuguesa, aperfeiçoando as políticas e os procedimentos de integração dos migrantes”.