Arquidiocese de Braga -

1 junho 2022

Igreja ucraniana adverte: “A ajuda humanitária está a cair”

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

O Bispo Auxiliar de Kamyanets-Podilskyi partilha que “apenas Deus pode responder à pergunta do porquê de o povo ucraniano estar a sofrer desta forma".

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O bispo auxiliar de Kamyanets-Podilskyi, Radoslaw Zmitrowicz, soou o alarme porque a ajuda humanitária internacional que chega à Ucrânia está a diminuir no país e “as pessoas estão a ficar sem recursos”.

Numa conversa com a Ajuda à Igreja que Sofre, o bispo lamentou o sucedido, justamente num momento em que “as pessoas precisam cada vez mais de ajuda. A ajuda humanitária está a diminuir. A falta de combustível está a ser uma dificuldade”, acrescentou.

Algumas palavras que abrigam um dos temores do Papa Francisco, que alertou para a possibilidade de que isto acabasse por acontecer devido ao cansaço da sociedade “de longos conflitos”.

O prelado sublinhou que a “Igreja está totalmente mobilizada para acolher aqueles que perderam tudo o que tinham, aqueles que foram obrigados a fugir das zonas de combate, as famílias que se encontram na situação mais desesperante, quase sem recursos”.

“Todas as nossas casas, na diocese, estão cheias de gente, de refugiados. Mas as pessoas estão a ficar sem recursos e a pedir ajuda para sobreviver. Há muitos refugiados que estão em casas particulares, de parentes, outros têm casas alugadas, mas agora precisam de encontrar outras mais baratas, porque é difícil pagar o aluguer”, indicou, citando o exemplo da sua diocese, localizada perto de fronteira com a Moldávia e a Roménia.

 

“O pior está para vir”

No entanto, as piores sequências não aparecerão imediatamente, mas aparecerão aos poucos. Assim, as consequências psicológicas, espirituais, físicas e humanitárias, inclusive familiares, serão sentidas posteriormente. Por isso, Zmitrowicz explicou que “os serviços psicológicos já começaram” e que um “padre está a participar nesse processo” numa das casas.

“Só Deus pode curar essas feridas profundas. Só Deus pode responder à pergunta do porquê de estarmos a sofrer desta maneira”, disse o bispo.

Embora a guerra agora ocupe tudo, o bispo sublinha que “na Ucrânia havia problemas antes da guerra, como corrupção extensa e níveis muito altos de aborto”.

“É importante que terminemos o conflito melhores do que quando começou”, concluiu.

 

“As pessoas rezam, rezam e rezam”

Entre tanto sofrimento, tanta miséria e dor, o prelado quis sublinhar que “também há coisas boas. As pessoas oferecem as suas vidas, há solidariedade, as pessoas ajudam-se umas às outras", apontou.

Quanto à parte espiritual, Zmitrowicz destacou que, neste momento, “as pessoas rezam muito. Na Ucrânia, Alemanha, Polónia… nos seus países. As pessoas rezam, rezam e rezam. É surpreendente; não é apenas uma guerra militar, mas também espiritual, e depende da nossa conversão”.

Artigo de Israel Duro, publicado em Vida Nueva Digital a 31 de Maio de 2022.