Arquidiocese de Braga -

1 julho 2022

Católico africano proclama o Evangelho através da arte plástica

Fotografia Juste Hlannon/LCA

DACS com La Croix International

Um carpinteiro do Benim, que aprendeu o seu ofício numa escola de ofícios dirigida por Salesianos, passou os últimos 30 anos a  fornecer às paróquias obras de arte religiosas que faz a partir de plástico.

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Patrice Agossa começou como carpinteiro em Parakou, a cidade no norte do Benim onde nasceu em 1969.

O seu gosto pela marcenaria levou-o a matricular-se aos 18 anos no centro de formação profissional que os Salesianos de Dom Bosco dirigiam na sua cidade natal.

“Escolhi a opção de carpintaria. No centro fazíamos teoria e prática. Fiz três anos de formação lá e recebi um diploma”, lembra Agossa, hoje com 53 anos.

O rigor da formação refinou a sua paixão pela marcenaria e despertou nele certas predisposições.

“No centro, praticávamos uma marcenaria muito fina. Comecei a esculpir padrões nos móveis que estávamos a fazer. Foi assim que, aos poucos, me fui descobrindo nas artes plásticas”, conta.

Sob o olhar atento do seu irmão mais velho, escultor de profissão, continuou a aperfeiçoar as suas habilidades na área, mas o grande avanço veio em 1995.

“Naquele ano, preparei e produzi uma exposição de esculturas em madeira no Centro Cultural Francês de Parakou. Um cliente apareceu de repente para recolher grande parte do que eu havia exposto”, recorda.

 

Carreira nas artes plásticas

A carreira de Agossa como artista visual estava agora lançada e só iria fortalecer-se.

Observa que “a talha exige muito trabalho e tempo, mas os clientes não pagam preços condizentes com o esforço envolvido”.

Mais ou menos na mesma altura começou a fazer trabalhos de escultura que envolviam cimento e gesso.

Foi neste contexto que, por volta do ano 2000, o Salesiano padre Fermin Nuevo o convidou a ver o que poderia fazer para ajudar a decorar uma nova paróquia de Santo António de Pádua que estava a ser construída na Arquidiocese de Parakou. Agossa lembra-se disso com emoção.

“Foi a primeira vez que trabalhei oficialmente para a Igreja. O Padre Fermin apoiou-me muito depois e deu-me conselhos sobre como melhorar”, lembra.

Depois disso, colaborou com o seu irmão mais velho na confecção de baixos-relevos para outra paróquia da arquidiocese.

“Para este projecto, foi necessário representar as cenas do Antigo Testamento em madeira”, diz.

Logo se tornou independente e começou a aceitar contratos para criar arte religiosa para várias paróquias de outras dioceses do Benin.

“Na paróquia de Sèhouè [sul do Benin], por exemplo, fiz a imagem de Maria Auxiliadora, uma imagem do Sagrado Coração, um Calvário e o mural atrás do altar”, diz com orgulho.

 

“Arte, uma forma de eu anunciar o Evangelho”

Agossa está convencido de que as suas criações artísticas são uma forma de anunciar o Evangelho.

“Quando, por exemplo, numa paróquia, desenvolvo uma perícope bíblica sobre madeira, é um trabalho que irá comunicar a Palavra de Deus às pessoas ao longo de décadas e talvez séculos”, diz. “É emocionante!”.

Mas lamenta que “a arte plástica não seja suficientemente valorizada no Benin porque não há realmente uma educação nesse sentido para despertar a consciência artística”.

Além disso, há muita concorrência, pois muitas pessoas passaram a fazer artes plásticas como hobby.

“A primeira qualidade de uma obra de arte é a beleza”, insiste Agossa. “E além de todas as relativizações possíveis, há cânones sobre o assunto que uma verdadeira obra de arte deve respeitar absolutamente”.

 

Artigo de Juste Hlannon, publicado no La Croix International a 30 de Junho de 2022.