Arquidiocese de Braga -

6 julho 2024

Conselho Geral ajuda Bom Jesus a manter-se como Património Mundial da Humanidade

Fotografia DM

DM - Francisco de Assis

O 5.º aniversário da inscrição do Santuário do Bom Jesus como Património da UNESCO vai ficar na história pela constituição e tomada de posse do Conselho Geral do Bom Jesus, realizada ontem, dia 5 de julho. Uma estrutura de aconselhamento, presidido por Luís Braga da Cruz, constituído por uma série de entidades de prestígio, que, na prática, tem por grande missão, ajudar o Bom Jesus a manter-se como Património Mundial da Humanidade, ao serviço da paz e da ecologia integral, em prol da casa comum.

A tarde no Bom Jesus foi rica. Primeiro com o colóquio Património Mundial e Ecologia Integral, no Hotel do Parque e depois uma tomada de posse dos membros do já referido do Conselho Geral. 

Para além do presidente, Luís Braga da Cruz, assinaram o livro de posse a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN); o comandante distrital da GNR de Braga; a Entidade de Turismo Porto e Norte; a Universidade do Minho, a Universidade Católica Portuguesa, pólo de Braga; o presidente da Câmara Municipal de Braga; a União das Freguesias de Nogueiró e Tenões, espaço anfitrião do Santuário; Teresa Andersen. Ficou a faltar a assinatura da professora Felisbela Lopes, que por motivo de força maior, esteve ausente.

D. José Cordeiro, Arcebispo de Braga, também esteve tanto na sessão de abertura como na apresentação do Conselho. O arcebispo agradeceu não só a Confraria do Bom Jesus, pelo que tem feito pelo Santuário e agradeceu, igualmente, a todas as entidades que responderam positivamente ao convite para tomarem parte no Conselho Geral, precisamente para que o Bom Jesus continua a ser um local de “Esperança”.

O Arcebispo de Braga salientou que a Igreja de Braga está sempre alinhada com a Santa Sé e com  o Santo Padre.

O presidente do Conselho Geral explicou os contexto da constituição deste órgão consultivo; que emana precisamente de recomendação da própria UNESCO.

Luís Braga da Cruz explicou que, apesar de o Bom Jesus estar a ser «bem administrado», quer pela Confraria, quer pela Arquidiocese de Braga, a criação do Conselho Geral visa, essencialmente, zelar pela qualidade deste património. “Tem autoridade para aconselhar, recomendar e propor”, para que Bom Jesus continua a ser sustentável. E justificou a importância de ter tantas e diversas entidades de prestígio neste órgão.

Por sua vez, os representantes destas entidades mostraram-se “honrados e felizes” por fazerem parte do Conselho Geral. Assumiram ser “um privilégio” e ao mesmo tempo uma “responsabilidade”. Outra ideia comum deixada é o “compromisso e empenho” para que, o Bom Jesus continua a manter-se com o estatuto de património de todos. 

O presidente da Confraria do Bom Jesus, o cónego Mário Martins, agradeceu a todos as instituições e personalidades que acederam a fazer parte do Conselho Geral, que tem como propósito “assegurar a governança eficaz e sustentável deste importante local de cultuo, património histórico e religioso”. O órgão consultivo que vai “apoiar a Confraria do Bom Jesus na administração, preservação e promoção do Santuário”.

Recorde-se que o Conselho Geral tem um mandato de 4 anos, funciona em plenário, deve reunir-se pelo menos uma vez por ano.

Por sua vez, Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, fez questão de dizer que a Câmara de Braga tem todo o prazer em pertencer ao Conselho Geral, prometendo fazer tudo para que os objetivos deste organismo sejam cumpridos, ou seja, fazer que o Santuário seja cada vez mais valorizado e visitado. E a título pessoal, fez questão de dizer que o Conselho Geral não poderia ter escolhido um melhor presidente.   

Colóquio mostrou riqueza religiosa e biodiversidade do Bom Jesus

Depois da sessão de abertura das comemorações realizou-se o colóquio “Sacro Montes e Ecologia Integral”. Os dois conferencistas, padre Jorge Vilaça e o professor Pedro Gomes, da Universidade do Minho, prenderam a atenção da plateia, mostrando a imensa riqueza simbólica do Bom Jesus e algumas surpresas a nível da biodiversidade.

Na plateia estiveram, entre outras personalidades, o Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, um dos protagonistas da candidatura do Santuário e da Basílica do Bom Jesus.

Em relação ao colóquio, o diretor do Departamento de Biologia da UMinho, Pedro Gomes, apresentou alguns resultados de um estudo sobre a biodiversidade do perímetro florestal do Bom Jesus, nomeadamente à procura de animais, designadamente aves, mamíferos e invertebrados.

E foi com satisfação que apresentou as surpresas como javalis, chapins e trepadeiras azuis, entre outras espécies que não contavam encontrar.

Do ponto de vista florestal, alertou para as espécies invasoras.

Quanto ao padre Jorge Vilaça, pode dizer-se que prendeu a atenção dos presentes, com uma comunicação viva, dando exemplos concretos, obrigando as pessoas a participar e a refletir.

Com o tema “Espiritualidade e ecologia integral no Bom Jesus – coordenadas para uma espiritualidade do lugar”, o sacerdote pôs as pessoas a pensar na forma como bebem água, elemento constante e sempre presente ao longo do escadório. Falou da espiritualidade dos gestos, com a mão em concha,  em forma de pedir.

Considerou que o mundo está “cravejado” de doenças mentais, por  prioridades erradas na busca do sucesso. Sustentou que Bom Jesus permite imensas metáforas.

Aliás, sugeriu que se façam sessões de escuta e reflexão, individual ou coletiva, com ganhos espirituais e mentais.

Por fim, deixou coordenadas para uma espiritualidade do Bom Jesus.

Na sua intervenção, o cónego Mário Martins considerou que o encontro de ontem foi para discutir temas de grande importância para o futuro do planeta e para a humanidade. “A interseção  entre o património mundial e a ecologia integral, desafia-nos a repensar as nossas ações e atitudes em relação à ecologia integral e humana que nos habita. De facto, o Santuário do Bom Jesus, com a sua beleza e significado humano e histórico, espiritual e cultural, não é apenas um testemunho de fé e da cultura que moldaram a nossa sociedade, mas é também um símbolo da nossa responsabilidade compartilhada de preservar tais tesouros para as gerações futuras”.

O dia terminou com uma eucaristia na basílica do Bom Jesus, presidida pelo Arcebispo de Braga. O ato religioso, que serviu também para agradecer os 9 anos de elevação à Basílica, foi participado, entre outros fiéis,  pelos membros da Confraria do Bom Jesus.

Na homilia, D. José Cordeiro falou nos momentos descendentes e ascendentes do escadório do Bom Jesus, da importância dos sacramentos, “bem celebrados” e da criação da nova Unidade Pastoral, com sede no Bom Jesus.



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