Arquidiocese de Braga -
7 julho 2024
Património Sineiro de Braga debatido no Bom Jesus
Confraria do Bom Jesus do Monte
Decorreu no passado sábado, dia 6, mais uma iniciativa dos "Encontros com o Património", desta vez sobre o tema "Tradições e práticas sineiras antigas e actuais. Conservação, preservação e salvaguarda do património material e imaterial”.
A iniciativa promovida pela Fundação Bracara Augusta, em parceria com a Confraria do Bom Jesus do Monte, a Universidade do Minho - (CEHUM); e a ASPA e com o apoio do Município de Braga e da Jerónimo - Fundição de Sinos de Braga, decorreu no Hotel do Parque, no Santuário do Bom Jesus do Monte. Esta iniciativa pretende suscitar a reflexão, a divulgação e o debate sobre o património cultural do município de Braga e as suas diversas implicações, designadamente, aproximando a investigação e a produção de conhecimento do território cumprindo assim os desígnios da sua criação.
Para Ricardo Rio “as tradições e práticas sineiras da cidade de Braga constituem um património inestimável, desempenhando um papel fundamental na identidade cultural e na vivência quotidiana da cidade”.
“Ao abordar esta temática, a Fundação Bracara Augusta está a cumprir com o seu papel de zelador da nossa história colectiva”, referiu o autarca elogiando a iniciativa. E acrescentou: “Ao preservar e valorizar estas práticas, Braga reafirma a sua ligação ao passado, enriquece o seu presente e fortalece a sua identidade como cidade histórica, cultural e autentica”.
Refira-se que a edição dos “Encontros com o Património” integram o programa das celebrações do quinto aniversário da inscrição do Bom Jesus na Lista do Património Mundial da UNESCO e o nono aniversário da elevação a Basílica Menor. Associando-se, assim, a FBA, à Confraria do Bom Jesus do Monte numa data memorável para o património bracarense.
Para o Cónego Mário Martins, Presidente da Confraria do Bom Jesus do Monte “o sino é essa voz que chama, que congrega, que convida, a cada hora e a cada dia, sem atrasos nem falhas! A sua principal função na vida litúrgica é a de convocar a assembleia. E a Igreja é, precisamente, assembleia convocada para corresponder a uma iniciativa divina. Além disso, os sinos choram e cantam connosco, a sua musicalidade funde-se em harmonia com as nossas vidas, na medida em que comunicam e exprimem as mensagens de dor e luto, esperança e consolação, alegria e festa.” Acrescentando que “estamos certos de que os sinos são parte integrante da identidade cultural de Braga e de toda a Arquidiocese, unindo e entrelaçando a vida da comunidade com o seu património religioso e histórico. A música dos sinos faz parte também da valorização da experiência de visita, pois atrai turistas e peregrinos, que vêm apreciar não apenas a arquitetura do Santuário, mas também a tradição musical. Os sinos desempenham, por isso, um papel crucial em eventos e celebrações especiais, criando uma atmosfera única”.
O encontro contou com a comunicação de Elisa Lessa (Universidade do Minho - CEHUM), responsável por uma intervenção sobre os Sinos em Braga e no Santuário do Bom Jesus do Monte, com uma contextualização histórica e um percurso por alguns dos mais importantes bens alertando para a importância da sua preservação; estudo e mapeamento.
Rodrigo Teodoro de Paula (CESEM- Pólo Universidade Évora) refletiu sobre o vasto e interessante património sineiro em Portugal.
Ao painel associou-se João Dias e João Braga Simões, do Departamento de Música da Universidade do Minho, e que no final brindou os participantes com uma bela interpretação contemporânea do toque dos sinos, junto ao coreto do Bom Jesus.
Carlos Jerónimo, da empresa Fundição de Sinos de Braga deixou desafios e elencou os caminhos que, partindo dos agentes que esta sessão reuniu, devem ser trilhados para a valorização e salvaguarda deste bem: quer do ponto de vista material onde a Fundição; as torres sineiras e os seus sinos; o espólio sineiro que detém com mais de 300 exemplares juntamente com o património imaterial: os toques e as melodias; as memórias da população (quem ouve); as tradições e as lendas; as histórias de vida dos sineiros; o fabrico e o conhecimento, devem ser considerados. “Um museu do saber-fazer; do tocar; do ouvir; criar e inovar, mas antes tem que se resgatar esta prática, temos que formar sineiros e abrir as torres sineiras à população interessada em resgatar esta prática”.
José Andrés Barreiro Garrido da Asociación Cultural Campaneiros de Galicia, deixou o desafio de se criarem as condições para os bracarenses possam tocar os sinos, dando nota do processo que percorreram e que trouxe uma comunidade para esta prática no seu território. “Um trilho que Braga deve e tem que fazer!”
As torres sineiras e os sinos do Bom Jesus, foram e continuam a ser marca identitária da paisagem sonora do Sacro – Monte. Manter viva a tradição do toque manual, como acontece com os sinos da torre sul da basílica que conservam o toque manual, é valorizar o impacto que os sinos tiveram, historicamente, na paisagem sonora e etnográfica.
“Os sinos são também um importante elemento cultural e patrimonial de Braga e que muito importa valorizar e, em partilha com várias entidades, o salvaguardar.” Rematou Ricardo Rio. Para Miguel Bandeira, Presidente da Fundação Bracara Augusta “estão criadas as condições; reunidas as entidades e elencado o percurso para a classificação deste património num caminho que tem, e deve começar pela componente imaterial, pelas subidas à torre sineiras e por ter mãos de bracarenses a assumir este desafio.”
O Santuário do Bom Jesus é um caso único, com possibilidade de visitar a torre sineira e tocar manualmente os sinos e, foi o que acabou por acontecer no final do evento, com dezenas de pessoas a tocar manualmente os sinos e a visitar a torre sineira do Santuário do Bom Jesus do Monte.
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