Arquidiocese de Braga -

14 maio 2025

Leão XIV: com o coração na mão, peço para dialogarmos pela paz

Fotografia VATICAN MEDIA

Vatican News - Andressa Collet

O Papa Leão XIV, há quase uma semana da sua eleição como Sucessor de Pedro, encontrou os 5 mil participantes do Jubileu das Igrejas Orientais na Sala Paulo VI, no Vaticano. A audiência desta quarta-feira, dia 14 de maio, marcou o dia de encerramento de mais um jubileu temático, o número 13 deste Ano Santo da esperança, que desde terça-feira, dia 12, reuniu fiéis e representantes das Igrejas Orientais Católicas, patriarcas e metropolitas de mais de 10 países, incluindo do Brasil, presentes na audiência com bandeiras do país. Durante dois dias, os participantes celebraram a Divina Liturgia em diferentes ritos, como aquele etíope, armeno, copto e siríaco-oriental. Durante a tarde desta quarta-feira, os peregrinos concluem o jubileu com aquela em rito bizantino na Basílica de São Pedro.

E uma das primeiras audiências do Pontificado, Leão XIV acolheu os fiéis orientais com uma saudação que o "Oriente cristão repete incasavelmente neste tempo pascal" de fé e esperança sobre a Ressureição de Jesus - "o fundamento indestrutível": "Cristo ressuscitou. Ressuscitou verdadeiramente!". O Papa dirigiu o olhar, assim, aos "irmãos e irmãs do Oriente, onde nasceu Jesus", descrevendo-os como "preciosos" pela diversidade de proveniência, história e sofrimentos.

O perigo de se perder o património das Igrejas Orientais

"São Igrejas que devem ser amadas", citando o Papa Francisco, pelos "tesouros inestimáveis", pela "vida cristã, sinolidade e liturgia"; com "um papel único e privilegiado", como também escreveu João Paulo II. Já Leão XIII, recordou ainda o Papa, "foi o primeiro a dedicar um documento específico à dignidade das Igrejas" Orientais pela "legítima diversidade da liturgia e da disciplina orientais". Na Carta Orientalium Dignitas (30 de novembro de 1894), Leão XIII demonstrou também uma preocupação que ainda é atual, pelo facto de muitos fiéis orientados serem "forçados a fugir dos seus território de origem por causa da guerra e perseguições, da instabilidade e pobreza", correndo o risco de, "ao chegarem no Ocidente, de perder, além da pátria, também a própria identidade religiosa. E, assim, com o passar das gerações, se perde o inestimável património das Igrejas Orientais".

Junto a Leão XIII, o Papa uniu-se num apelo aos "cristãos — orientais e latinos — que, especialmente no Médio Oriente, perseverem e resistam nas suas terras, mais fortes do que a tentação de abandoná-las. Aos cristãos é preciso dar a oportunidade, não apenas com palavras, de permanecer nas suas terras com todos os direitos necessários para uma existência segura. Peço-vos que se empenhem para isso!". Uma preservação dos ritos orientais que deve ser promovida "sobretudo na diáspora", disse o Pontífice. Um pedido dirigido inclusive ao Dicastério para as Igrejas Orientais: "de me ajudar a definir princípios, normas e diretrizes por meio dos quais os Pastores latinos possam apoiar concretamente os católicos orientais da diáspora a preservar as suas tradições vivas e a enriquecer com a sua singularidade o contexto em que vivem".

A Igreja precisa de vós. Quão grande é o contributo que o Oriente cristão nos pode dar hoje! Como temos necessidade de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas vossas liturgias, que envolvem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e inspiram o estupor pela grandeza divina que abraça a pequenez humana!

Leão XIV e Santa Sé juntos para promover a paz

O discurso de Leão XIV, então, dirigiu-se fortemente por mais um apelo à paz: "não tanto o do Papa, mas o de Cristo, que repete: 'a paz esteja convosco'". Uma paz tão necessária "da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Médio Oriente ao Tigré e ao Cáucaso, quanta violência!", lamentou o Papa, que convidou ainda a rezar "por esta paz, que é reconciliação, perdão, coragem para virar a página e recomeçar". A Igreja, insistiu o Pontífice, «não se cansará de repetir: calai as armas»:

Farei todo o possível para que essa paz se difunda.. A Santa Sé está disponível para que os inimigos se encontrem e se olhem nos olhos, para que os povos redescubram a esperança e a dignidade que merecem, a dignidade da paz. Os povos querem a paz, e Eu, com o coração na mão, digo aos chefes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem silenciar, pois não resolvem os problemas, mas aumentam-nos; porque ficará para a história quem semeará a paz, não quem que criará vítimas; porque os outros não são, antes de mais, inimigos, mas seres humanos: não vilões a odiar, mas pessoas com quem falar.