Arquidiocese de Braga -

27 julho 2025

Agradecimentos e considerações de D. Nélio Pita

Fotografia Diana Carvalho

Quero começar por saudar o Sr. D. José Cordeiro. Desde o primeiro contacto consigo, quando ainda estava em Roma, o Sr. D. José tem sido como um irmão mais velho, alguém sempre disponível para ensinar e orientar. Juntamente com o Sr. D. Delfim acolheram-me na vossa casa como um de vós. Agradeço- vos, não apenas o acolhimento, mas também o modo como me têm introduzido na arte de ser pastor de uma diocese. Agradeço à comunidade das Irmãs da Divina Providência e Sagrada Família e ao chefe de gabinete do Arcebispo, Pe. Miguel Neto porque, em tantas ocasiões e de tantos modos, facilitaram-me a vida nesta etapa inicial do ministério episcopal. Saúdo o presbitério e os fiéis da arquidiocese Braga. Agradeço as vossas palavras de afeto e as manifestações de amizade. Posso dizer como a conhecida canção:
«vim de longe; Eu vim do meio do mar; Do coração do oceano» (NAPA), mas graças à vossa atitude fraterna, não me sinto deslocado. A Arquidiocese é a minha casa. Esta é minha nova família e dou graças a Deus por isso.

Saúdo o meu confrade, o Sr. D. Augusto César que tem sido para mim uma referência exemplar no exercício do ministério ordenado. Obrigado pelo seu testemunho consistente e alegre.

Saúdo também o Sr. D. Nuno Brás, titular da diocese do Funchal, a diocese na qual recebi os sacramentos de iniciação cristã e fui ordenado presbítero. Saúdo igualmente o cónego Marcos, vigário-geral do Funchal. Agradeço a vossa presença, pois são representantes de uma igreja local a quem estou particularmente associado e à qual me sinto devedor. Não me esqueço de todos os que lançaram em mim as sementes do Evangelho, a inquietação missionária, e me alimentaram com os sacramentos.

Saúdo sua eminência, o Cardeal D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa. A sua presença é uma honra e uma alegria já que o meu percurso formativo e a atividade pastoral decorreu, em grande medida, sob a sua orientação. Muito obrigado pela sua presença.

Saúdo o Monsenhor José António Teixeira, encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica em Portugal. A sua presença reforça o sentido de pertença à Igreja universal, e ao Papa Leão XIV.

Saúdo os senhores bispos e os superiores provinciais aqui presentes, bem como os sacerdotes e diáconos de outras dioceses e os membros dos diversos institutos de vida consagrada.

Permitam-me uma saudação muito particular aos confrades do conselho geral da CM. Agradeço ao Superior Geral, P. Tomaž Mavrič. Ao longo destes três últimos anos, foi para mim um privilégio trabalhar ao seu lado como conselheiro geral. Esta experiência proporcionou-me uma visão alargada da realidade da Igreja, que ultrapassa as fronteiras de uma paróquia ou diocese, de um país ou de um carisma. Mais ainda: a presença de missionários vicentinos, de vários continentes, nesta celebração é também revelador da vitalidade da CM, neste ano em que celebramos 400 anos da assinatura do contrato da fundação.

Saúdo o Pe. Pedro Guimarães, provincial da CM em Portugal e nele recordo os confrades que foram meus formadores e os companheiros de missão, alguns já falecidos. Obrigado pelo vosso apoio e amizade. Saúdo também as Filhas da Caridade, na pessoa da Irmã Fátima Miranda, e a presidente da SSVP da Fernanda Gonçalves Capitão. Une-nos não apenas pelo carisma, mas também laços de amizade e gratidão. Saúdo as Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres e as de S. José de Cluny, os membros das ENS de Lisboa e os Escuteiros, com quem tive a alegria de partilhar um caminho.

Saúdo com sentido de profunda gratidão duas comunidades que fizeram o esforço de participarem nesta celebração, e estão intrinsecamente associadas à minha biografia.
1.    Aos que vieram da Madeira, agradeço à minha família aqui presente. Dizer- lhes obrigado é pouco por tudo o que representam para mim. Os meus pais e os meus irmãos e irmãs foram e continuam a ser os mestres que me transmitem as lições mais importantes. Ainda da Madeira, para além do Sr. presidente da Banda Filarmónica a que pertenci e do Sr. Rui Pita, em representação do Presidente da Junta do Estreito, saúdo o meu pároco, o Pe. José Luís. Agradeço-lhe a presença e a amizade ao longo destes anos.
2.    Saúdo ainda os que vieram de Lisboa, em especial os membros da comunidade paroquial de S. Tomás de Aquino e o seu pároco, o Pe. Álvaro Cunha. Convosco aprendi a ser padre. Ao longo de 12 anos, permaneci ao vosso lado, nas alegrias e nas tristezas, como pai, como irmão ou, simplesmente, como um vizinho. A vida de um padre é feita de muitas vidas. Eu dou graças a Deus porque as vossas vidas se cruzaram a minha. Por vezes, a memória do testemunho da vossa caridade, o exemplo da vossa fé, ecoa em mim como um forte apelo à santidade.

Saúdo as autoridades civis, judiciárias e académicas, as forças de segurança, e as várias instituições e entidades aqui representadas.

Quero agradecer a todas as pessoas que, desde o dia 6 de junho, dia da minha nomeação como bispo auxiliar de Braga, manifestaram a sua proximidade e alegria, ofereceram palavras que edificam aliadas a gestos promotores de esperança, tão necessários no caminho que agora início. Agradeço-vos, sobretudo, as orações, através das quais me alimento e me fortaleço.

Agradeço, enfim, a todos os que participaram na preparação desta celebração solene: o Cabido, a comissão de preparação, os seminaristas, os artistas cantores e organistas, os acólitos e todos os que tornaram belo e único este momento. Estou profundamente grato ao Manuel Rosa que ofereceu o desenho das presentes insígnias, aos benfeitores e todos aqueles cujo nome só Deus conhece, mas que, nem por isso, são menos importantes.

 

Queridos irmãos e irmãs,
Escolhi para lema do meu escudo episcopal, a passagem de S. João, «para que tenham vida». Acredito profundamente que a proposta de uma vida em plenitude está latente em cada versículo do Novo Testamento. Mais do que uma força moralizante ou uma superestrutura que condiciona a liberdade do ser humano, o Evangelho de Jesus Cristo é como um mapa através do qual cada ser humano pode encontrar sentido e determinação para prosseguir a aventura da existência humana. Como pastor, no seguimento de Jesus, o Bom Pastor, procurarei dar vida à vida, mesmo que para isso tenho de contrariar as propostas de uma felicidade barata, tantas vezes promovida por uma cultura que gera vazio e divide famílias e instituições.

«Para que tenham vida». Este lema pode ter diversas ramificações e obriga a diferentes compromissos entre os quais, como bispo, neste contexto, destaco brevemente apenas três:

1.    O compromisso da unidade. Uma e outra vez, o apóstolo S. Paulo insiste na necessidade de os fiéis permanecerem unidos como um único corpo cuja cabeça é Cristo. O sentido de pertença a este corpo místico, livra-nos da tentação da fragmentação e resgata-nos do isolamento. Permaneçamos unidos tal como nos pediu o querido o Papa Leão XIV, na homilia do início do ministério petrino, quando afirmou que deseja «uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado». Juntos, esforcemo-nos por dar testemunho de uma comunidade una e diversa.

2.    O compromisso da sinodalidade. Desde os primórdios da Igreja que ela se autodefine como «comunidade dos que caminham juntos». A «Igreja e sínodo são sinónimos» (S. João Crisóstomo). Hoje existe a convicção de que aspetos como a revitalização das comunidades cristãs e a transmissão da fé, não são uma prerrogativa de um grupo, mas de todos os batizados. Avancemos juntos. Não excluamos aqueles que têm mais dificuldades em acompanhar o ritmo, aqueles, inclusive, cujo olhar se fixa em outra direção e aqueles cujos comentários dissonantes são um incómodo, tantas vezes necessário para a transformação da maioria. Rezemos e caminhemos juntos. A sinodalidade faz parte da nossa identidade. Escutemos o Mestre da Vida para nos escutarmos mais atentamente, pois só assim poderemos encontrar as melhores soluções para os problemas do nosso tempo.

3.    O compromisso com a vida. Nós reconhecemos que a vida é um dom precioso, mas é também frágil como a mais pequena das flores. Reconhecemos que a defesa e a promoção da vida, sobretudo a dos mais vulneráveis, faz parte do património da Igreja, condensado na doutrina social, assumido e vivido por tantos santos e santas, conhecidos e anónimos. Neste sentido, considero particularmente sugestiva a ideia do sacramento da Ordem cujo propósito é ordenar a vida. O ministro ordenado, à semelhança do bom pastor, é aquele que orienta o curso da existência, aquele que aponta para mais longe, para Deus fonte de vida em plenitude e, neste exercício, livra o ser humano das armadilhas do mal. Por isso, são motivo de grande preocupação as notícias das guerras como aquelas que ceifam vidas inocentes, na Ucrânia e em Gaza. A guerra é uma ferida no coração de Deus. De novo, assistimos à banalização do mal num cenário impensável, mas que revela a propensão do Homem para a autodestruição quando exclui Deus como referente existencial. Onde está a vida sem Deus?

Queridos irmãos e irmãs
De novo, agradeço a vossa presença e amizade. Sei que vou aprender a ser bispo convosco. Peço-vos que rezem para que eu tenha as qualidades de um bom discípulo. Orai por mim para que, por intercessão da Virgem Santa Maria de Braga e Senhora do Sameiro, e S. Bartolomeu dos Mártires, eu seja um dócil instrumento de Deus na promoção do seu Reino.

+ Nélio Pereira Pita, CM