Arquidiocese de Braga -
21 outubro 2025
Livro resgata memória de séculos de história e fé nos Congregados

DM
A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, acolheu, no sábado, a apresentação do livro “Irmandade de Nossa Senhora das Dores e Santa Ana dos Congregados”, da autoria de Alexandra Pereira de Castro. Uma publicação que pretendeu resgatar a memória de mais de dois séculos de história e fé de uma das mais antigas irmandades de Braga.
A sessão contou com intervenções da autora, da investigadora Ana Cristina Martins, da Universidade de Évora e presidente da Academia Portuguesa de Ex-Líbris, e do reitor da Basílica dos Congregados, o padre Paulo Terroso.
Segundo um texto enviado ao Diário do Minho, a obra, «que resulta de uma extensa investigação documental, dá a conhecer mais de 260 anos de história da Irmandade», fundada em 1761, e inclui registos de 4.279 irmãos, desde 1843 até à atualidade. «Foi um orgulho ser a primeira mulher presidente da mesa administrativa da Irmandade, não por mérito próprio, mas por fé e humanidade», afirmou Alexandra Pereira de Castro. «Era imperativo a existência de um livro que perpetuasse a memória dos irmãos e a nossa identidade».
A autora destacou o caráter pioneiro do trabalho e o esforço de pesquisa que envolveu a consulta de arquivos, registos, fotografias e genealogias: «os arquivos, por vezes esquecidos e empoeirados, são fontes preciosas. Este livro é um legado e uma preciosa ajuda para que a história da Irmandade e dos seus irmãos permaneça viva». De referir que o volume, prefaciado pelo Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, e posfácio do padre Paulo Terroso, é uma edição de autor de tiragem limitada e procura preservar não apenas o património documental, mas também a dimensão afetiva e espiritual de uma comunidade que atravessou séculos. Na apresentação, Ana Cristina Martins destacou o rigor e a relevância histórica do trabalho. «Esta obra constitui uma fonte primária, ainda que impressa, para futuras gerações de investigadores. Traduz quase três séculos de vida, não apenas da Irmandade e da Basílica dos Congregados, mas da própria cidade de Braga».
A investigadora sublinhou ainda a importância de olhar para o património imaterial associado às instituições religiosas: «Sem a imaterialidade — a fé, a razão e a emoção — não entendemos na totalidade o que aqui está. Alexandra conseguiu, através deste trabalho exaustivo, revelar as pessoas que fizeram a história da Irmandade, muitas vezes invisíveis nos registos», elogiou.
Na sua intervenção, o reitor dos Congregado valorizou o contributo da autora para a preservação da memória coletiva. «O que é mais importante neste livro são as pessoas. As instituições são as pessoas, e são elas que fazem toda a diferença. As pedras falam de um passado, mas o que as torna vivas é o serviço e a dedicação de quem as habita», disse Paulo Terroso.
O reitor destacou também a importância de compreender o papel histórico e social das irmandades bracarenses. «Não podemos esquecer que estamos ao serviço de instituições que são muito maiores do que nós. Este livro deixa uma memória de pessoas que serviram a Basílica e a cidade com fé e gravitas, com sentido de história e de missão».
A sessão terminou com palavras de Aida Alves, diretora da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, que agradeceu à autora o «contributo para a valorização da memória bracarense».
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