Arquidiocese de Braga -
30 março 2024
O grande silêncio
Sábado Santo - Laudes Homilia de D. José Cordeiro Sé de Braga, 24 de março de 2024
\n \n1. Ausência presente do Senhor
No Missal Romano aparecem 3 notas acerca do Sábado Santo:
«1. No Sábado Santo, a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na sua Paixão e Morte, bem como na sua descida à mansão dos mortos, esperando a sua ressurreição, em oração e jejum.
2. A Igreja abstém-se do sacrifício da Missa – ou seja, a mesa sagrada continua despida – até ao momento em que, depois da solene Vigília ou expetativa noturna da ressurreição, se dará lugar à alegria pascal, que, na sua plenitude, se prolonga por cinquenta dias.
3. Neste dia, não é permitido distribuir a sagrada comunhão, a não ser como viático».
O mistério específico do Sábado santo é este: a ausência presente do Senhor. Isto é absolutamente singular deste dia misterioso, o que o distingue de qualquer outro momento da vida terrestre e celeste de Jesus Cristo.
É impossível a celebração da Eucaristia porque se faz a experiência da ausência presente do Senhor. Nem a celebração da Palavra é possível.
Este é o dia da experiência do vazio, como quando nos morre um ente querido. A casa está vazia!
O melhor modo de expressarmos este mistério é no silêncio orante. Nem sequer contemplamos o sepulcro porque também não fomos ontem a um funeral (“procissão do enterro do Senhor”), mas contemplamos o todo da paixão e morte de Jesus.
A Igreja permanece, como Maria, silenciosa diante do Senhor ausente. Contudo, o Sábado santo não é um dia de culto à Virgem Santa Maria. A recordação das dores ou da Soledade que surge espontaneamente, tem de se entender bem para não desviar a atenção do verdadeiro centro do mistério. A presença de Maria é muito discreta, e de modo explícito aparece apenas numa intercessão de Laudes.
Maria é, pois, o símbolo da Igreja que se cala e espera. Ela ensina-nos a ter paciência, a entender a linguagem da Cruz. Com(o) Maria, a senhora do Sábado Santo, aprendamos a esperar no silêncio até à vida plena, de que a Vigília Pascal é solene anúncio.
+ José Manuel Cordeiro
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