Arquidiocese de Braga -
25 setembro 2024
“Seja bem-vindo!”, diz padre português sobre a visita que o Papa faz amanhã ao país a caminho da Bélgica
Chega às 10 horas e deverá partir às 18h18. Apesar de muito breve, a visita de amanhã, dia 26 de Setembro, do Santo Padre ao Luxemburgo está a ser aguardada com muita expectativa.
Serão apenas cerca de oito horas, mas, apesar disso, a visita do Papa Francisco ao Luxemburgo está a mobilizar bastante o país e em particular a comunidade católica, com destaque para os portugueses. A última vez que um Papa foi ao Luxemburgo foi há 39 anos. Desde essa viagem, protagonizada por São João Paulo II em Maio de 1985, até a que o Papa Francisco vai fazer amanhã, dia 26 de setembro, muita coisa mudou no país que é considerado actualmente como um dos mais ricos do mundo.
“Em 40 anos, o país mudou muito, a migração mudou muito e a Igreja está em mudança”, sintetiza o Padre Rui Pedro à Fundação AIS. O momento alto da viagem para a comunidade católica irá acontecer na Catedral de Notre-Dame, onde Francisco discursará. Antes disso, haverá um encontro com as autoridades, a sociedade civil e os representantes do corpo diplomático.
O Padre Rui Pedro, antigo director nacional da Obra Católica das Migrações e que já viveu em vários países como Itália, França ou Cabo Verde, não esconde a alegria por acolher o Papa no país onde agora está em missão. Mas o que esperam os cristãos do Luxemburgo, o que esperam as comunidades migrantes que representam quase metade da população, deste encontro com o chefe da Igreja Católica? “O que nós esperamos é que o Papa venha incutir esperança. Esperança nesta Igreja no norte da Europa, onde de facto a secularização é muito alta, e onde neste momento as comunidades mais vivas são as comunidades da imigração, portuguesas, italianas, africanas. São comunidades vivas que a Diocese tem sabido acolher”, explica o missionário scalabriniano à Fundação AIS.
Tempo de Mudança
A Igreja do Luxemburgo está a atravessar também um tempo de mudança. O sacerdote português, que vive em Esh-sur-Alzette e está no Luxemburgo há cerca de uma década, fala num contexto novo, que resulta da separação recente entre Igreja e Estado, na adaptação à laicidade e ao modo de seguir as migrações. E depois há a vida consagrada. E aqui, diz também o missionário, a expectativa é grande face à visita do Papa Francisco, até porque, tal como acontece um pouco por toda a Europa, as vocações não abundam e há um envelhecimento progressivo dos rostos da Igreja. “Esperamos também que o Papa venha incutir profetismo às congregações religiosas aqui presentes. Não são muitas, mas atravessam também uma grande crise. Não há vocações e há congregações com grandes estruturas e instituições, mas falta vida, falta dinamismo. Na verdade, na vida consagrada no Luxemburgo, eu e outros somos estrangeiros e somos o rosto mais jovem da vida consagrada no Luxemburgo”, acrescenta.
Encontro na Catedral
O encontro com a comunidade católica vai acontecer na catedral de Notre-Dame do Grã-Ducado. Ao todo, só deverão estar presentes cerca de 650 pessoas, sorteadas entre as mais de 10 mil que manifestaram interesse em escutar o Santo Padre. Três residentes no país irão falar. Dois são portugueses, a Irmã Maria Perpétua dos Santos, da congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima, que abordará a questão da vida dos não-luxemburgueses, e Diogo Gomes Costa, de 25 anos, que falará sobre os jovens.
O encontro com o Papa, diz ainda o Padre Rui Pedro, poderá vir a ser determinante também para os mais jovens, ainda com a memória fresca da enorme Jornada Mundial da Juventude que transformou a cidade de Lisboa em Agosto do ano passado na capital do mundo católico. “Penso que estes jovens possam receber da parte do Papa um novo ‘élan’, que esta visita do Papa possa encorajar estes jovens que são de várias culturas, de várias comunidades, a participar fortemente na vida da igreja”, afirma o sacerdote.
O Desafio dos Migrantes
Num país onde os estrangeiros estão presentes em todos os sectores, a visita do Santo Padre pode deixar pistas, orientações, pode vir a ser profética face aos caminhos a seguir. “Outro grande tema que nós esperamos que o Papa nos confirme é a chamada pastoral intercomunitária neste país onde 48% são cidadãos estrangeiros”, diz o sacerdote apontando para a vitalidade das relações entre as comunidades, em que a paróquia sobressai como o espaço onde todos rezam juntos. E há também o desafio dos recém-chegados, os refugiados, a multidão dos que procuram espaço para uma nova vida.
Para o sacerdote, que nasceu numa aldeia na zona de Peniche no seio de uma família católica, se houver a possibilidade de um encontro com o Papa, por mais fugaz que seja, há já umas ideias alinhavadas sobre o que lhe pretende dizer. “Como missionário scalabriniano eu diria ao Papa ‘muito obrigado por ter no seu ministério, no seu magistério, ter sempre presente os migrantes e os refugiados’. É quase um ponto fixo em tudo aquilo que o Papa faz e diz”, explica o sacerdote português, que, se puder, dirá ainda ao Papa Francisco: “É muito bem-vindo ao Luxemburgo!”.
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