Arquidiocese de Braga -

21 outubro 2024

Monumento ímpar mobiliza Braga para obra de requalificação singular

Fotografia Ricardo Rodrigues

DM - Joaquim Martins Fernandes

O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, e o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, inauguraram ontem as obras de requalificação do Monte Chamor. A colina, que se localiza no alto de São Mamede de Este, é famosa pela particularidade de acolher o único monumento do país dedicado a Cristo Eucarístico. Trata-se de uma imagem com 20 metros de altura. 

O monumento mandado construir pelo Padre Abílio Correia, atualmente em processo de canonização, foi benzido em 4 de agosto de 1957. Ganhou agora uma dignidade que permite antecipar a sua evolução para santuário. 

O projeto singular da obra de requalificação foi possível graças ao envolvimento de toda a comunidade e ao apoio financeiro imediato que a Câmara Municipal de Braga garantiu, assim que lhe foi solicitada essa colaboração. 

A união de vontades que garantiu a concretização do projeto pensado pela paróquia de São Mamede de Este foi ontem sublinhada pelo Arcebispo de Braga. “Nós testemunhamos aqui uma cooperação recíproca, uma feliz harmonia pela causa do bem comum e pela dignidade da pessoa humana”, disse D. José Cordeiro, sublinhando que o monumento que domina o Monte Chamor resulta da vontade de “um santo sacerdote” que dava tudo. 

“Muitos dos testemunhos recolhidos no âmbito do processo de canonização do Padre Abílio revelam que muitas vezes saía de casa para ir fazer compras à cidade e regressava a casa sem compras, porque dava aos mais necessitados que encontrava pelo caminho todo o dinheiro que levava consigo”. Para o Arcebispo Metropolita de Braga, o assumir da causa da requalificação do espaço por toda a comunidade, pela paróquia e pelo Município de Braga traduz “a conjugação de esforços por uma causa comum” e manifesta a disponibilidade para  continuar a “causa humanista” do Padre Abílio.

“É também uma oportunidade para que possamos continuar a deixar também, no aqui e agora da história, estas marcas positivas para os mais novos”, sublinhou D. José Cordeiro, destacando o «elevado» número de crianças e jovens presentes na cerimónia.

“É bom que os mais  novos que aqui estão em tão grande número, também possam receber este testemunho, tal como nós o recebemos”, salientou o Prelado bracarense, vincando que o legado deixado pelo Padre Abílio é também um desafio a “sermos cada vez mais humanos, cada vez mais irmãos e cada vez mais construtores da paz: cada um consoante a sua responsabilidade, a sua vocação”. 

“Mas o importante é que ninguém desista da esperança e prosseguirmos juntos, peregrinos de esperança, (no caminho de Páscoa)”, resumiu o Arcebispo de Braga.

O presidente da Câmara Municipal de Braga destacou ontem a qualidade do projeto de reabilitação realizado no Monte Chamor

O presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, deu ontem por bem empregues os 50 mil euros com que o Município apoiou as obras de reabilitação do Monte Chamor, onde se eleva o monumento que o sacerdote bracarense Abílio Correia mandou construir.

“É obviamente com muita satisfação que aqui estou hoje [ontem] neste espaço, que agora está muito mais qualificado. Não ouso dizer que está mais bonito, porque ele já tinha uma beleza intrínseca enorme, mas, seguramente, vem contribuir para que quem cá reside se sinta mais orgulhoso dele”, disse Ricardo Rio, notando que quem se desloca à colina tem agora “melhores condições para usufruir de um espaço de rara beleza e que tem um enquadramento paisagístico exemplar”.

Depois de ter revelado que conheceu o Monte Chamor “há muitos anos”, no âmbito de uma campanha eleitoral», o autarca bracarense revelou não perceber como o espaço ainda é desconhecido de muitos dos residentes em Braga. “É incrível como é que tantos e tantos bracarenses nunca terão vindo sequer a este espaço; que desconhecerão até que ele existe e que não tenham ainda usufruído da sua beleza, do seu enquadramento paisagístico e de toda a dimensão religiosa e natural que ele naturalmente acarreta”, sublinhou Rio, para acentuar que o «investimento» realizado pelo Município de Braga nas acessibilidades ao Monte Chamor  e agora na qualificação deste espaço “é, em primeiro lugar, um convite para mais bracarenses fruírem dele”.

“Acho que o merece. É, de facto, uma obra extraordinária, tem um enquadramento natural  dentro da sua dimensão religiosa que é incontornável e que é também uma dimensão que se vai cruzando com esta dimensão comunitária», destacou o autarca bracarense, notando que «em tantos e tantos espaços do nosso concelho, freguesia após freguesia, é quase impossível separar esta fronteira entre aquilo que são espaços de cariz religioso e aquilo que são as dinâmicas comunitárias que lá se vão realizando”.

Projeto arrojado e de coragem

O presidente da Câmara de Braga deixou ainda a mensagem de que a obra realizada não foi fácil. “Acho importante enaltecer essa dimensão. Não é fácil liderar uma empreitada como esta, para concretizar uma obra com este impacto e com a exigência até financeira que ela representou. Mas quem é capaz de mobilizar vontades sempre consegue aquilo que deseja”, vincou Ricardo Rio, deixando no Monte Chamor os “parabéns” à equipa liderada pelo cónego Avelino Marques Amorim “pela coragem e pelo arrojo de desenvolver um projeto desta natureza”.

Na intervenção que proferiu na cerimónia de inauguração da empreitada, o cónego Avelino Amorim fez saber que a empreitada foi realizada em praticamente 10 meses. 

O “desejo muito antigo” foi analisado em várias reuniões e a decisão de avançar com a requalificação teve um pressuposto essencial. “A intervenção teria de respeitar este lugar, pela sua beleza e também pela sua espiritualidade. E que o monumento do Coração Eucarístico de Jesus continuasse a ser o centro e o seu principal elemento”, destacou o sacerdote, vincando que também ficou assente que a obra não ia entrar “em conflito ou em confronto visual com toda esta área e toda esta envolvente natural, porque a obra da criação também nos fala de Deus”, sublinhou, notando que um outro objetivo da intervenção era garantir que o espaço pudesse ser fruído “mais vezes ao longo do ano, não só na celebração da Eucaristia, mas também nas atividades pastorais”, de que é exemplo maior a celebração comunitária da  segunda-feira de Páscoa. 

“Queríamos que esta intervenção fosse simples e humilde, como foi o ser de Deus, mas com a beleza e dignidade que o património espiritual aqui presente merecia”, resumiu Avelino Amorim.