Arquidiocese de Braga -
7 julho 2025
Peregrinação ao Facho exorta a difundir os valores da tolerância, justiça e paz

Jorge Oliveira - DM
Senhora da Assunção foi efusivamente saudada à chegada ao santuário depois de uma caminhada desde Roriz
Milhares de devotos peregrinaram, este domingo, ao santuário de Nossa Senhora da Assunção do Monte do Facho, na paróquia de Oliveira, Barcelos, debaixo de um intenso calor, numa demonstração de fé e devoção que congregou peregrinos das dez paróquias da Zona do Facho e de outras localidades vizinhas.
A Eucaristia campal foi presidida pelo padre José da Costa Pinto, sj, que, na sua homilia, apelou aos cristãos para levarem consigo «o facho da tolerância, do perdão, da justiça, da paz, da inteireza, da verticalidade e do amor» para todos os lugares, especialmente para os dominados por uma cultura que promove a morte do Cristianismo.
Com palavras firmes e um discurso profundamente espiritual, o sacerdote jesuíta alertou para a perda de valores na sociedade ocidental, acusando-a de ter «proclamado a morte de Deus» e idolatrado o ‘super-homem’.
O padre Costa Pinto criticou também a indiferença entre os seres humanos e o atual modelo de desenvolvimento económico, que, segundo afirmou, «deixa as mãos vazias e o coração amargurado».
«É uma falácia, um truque. Temos de falar no desenvolvimento do homem inteiro», afirmou o celebrante, sublinhando que «o homem que abandona Deus é um homem triste, sem futuro e sem esperança».
«O mundo hoje precisa muitos dos cristãos, dos cristãos autênticos, sérios, íntegros que levem Cristo e o seu Evangelho a todos os lugares deste mundo. A cultura de morte precisa de nós, precisa do facho de Jesus Cristo que indica o caminho», acrescentou o celebrante.
Referindo que Deus «não concorre, nem é um empecilho à felicidade do homem», o padre Costa Pinto lamentou que haja quem insista em negar Deus ou a viver como se Ele não existisse.
«Quando os homens mataram Deus, descobriram que já não eram irmãos, e por isso as guerras, a violência de povos, a violência doméstica – uma praga que temos que denunciar – a violência sobre os mais fracos, as crianças, os idosos», disse, recordando uma ideia do escritor francês Albert Camus.
A figura da Senhora do Facho, que é a Senhora da Assunção, esteve no centro da reflexão, com o padre Costa Pinto a notar que esta imagem é uma das raras representações marianas sem o Menino Jesus, mas que transporta o símbolo de Cristo através do facho – a Luz.
«Ela leva o Filho no facho, aponta o caminho com o facho bem levantado para que ninguém diga: ‘não o vi’», disse.
O pároco de Oliveira, o padre Manuel Silva, destacou o número crescente de peregrinos, muitos dos quais motivados por pedidos e agradecimentos relacionados com a saúde.
«As pessoas têm um grande devoção à Senhora do Facho e vêm ao longo do ano, com fé, carregadas de intenções, dores e esperança», afirmou o sacerdote, em declarações ao Diário do Minho, sublinhando a devoção à Senhora do Facho como “Senhora da Saúde”.
Em nome da Confraria de Nossa Senhora do Facho, o pároco transmitiu uma palavra de agradecimento ao padre Costa Pinto pela presidência da celebração, aos colegas sacerdotes e a todos os presentes, incluindo o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Mário Constantino Lopes, em representação do Município.
Este ano, a peregrinação iniciou-se na paróquia de Roriz, a qual fez-se representar em grande número, destacando-se as suas confrarias, movimentos e grupos juvenis.
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