Arquidiocese de Braga -
9 agosto 2025
Arcebispo de Braga desafia em Angola que os jovens sejam capazes de perguntar o que podem fazer pela Igreja e pelo mundo

DM - Joaquim Martins Fernandes
O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, desafiou ontem, em Angola, os jovens a que sejam capazes de perguntar «o que podem fazer pela Igreja e pelo mundo», em vez de questionarem o que é que a Igreja e o mundo podem fazer por eles. Na homilia que partilhou na Eucaristia a que presidiu ontem no Sumbe, no âmbito do programa de encerramento das comemorações do Jubileu da Diocese de Sumbe, D. José Cordeiro deixou claro que é essa reformulação de perguntas que permite «levar Jesus a todos», no Ano em que a Igreja Católica celebra o Jubileu da Esperança.
«E por isso, ao saudar e felicitar esta Diocese, e de modo especial ao olhar os jovens neste Jubileu dos Jovens que, nestes dias acontece aqui na cidade do Sumbo e nesta Diocese, ouso também fazer-vos um desafio, particularmente aos jovens: que cada um tenha a coragem de perguntar para quem sou eu? O que é que eu posso fazer pela igreja? O que é que eu posso fazer pela sociedade e pelo mundo?», desafiou o Arcebispo de Metropolita de Braga e Primaz das Espanhas.
Num tom marcadamente afetivo – D. José Cordeiro referiu na homilia as suas fortes ligações a Angola, onde nasceu ainda antes da criação da Diocese do Sumbe –, o Prelado bracarense referiu que «por vezes põe-se a pergunta ao contrário» e questionamos «o que é que a igreja pode fazer por mim? O que é que o mundo pode fazer por mim? Quem sou eu?».
«Mas a pergunta, ou as perguntas, devem ser formuladas de outra maneira, mas com este espírito de serviço: Para quem sou eu? O que é que eu posso fazer pela igreja? O que é que eu posso fazer pelo mundo?», acrescentou, sublinhando a ideia de que é nos momentos em que nos perguntamos sobre as grandes questões da vida que as respostas surgem do Evangelho. «Que o Evangelho ilumine sempre os nossos gestos, as nossas palavras, até ao fim do fim», acentuou D. José Cordeiro, deixando a ideia de que esse comprometimento de cada um com os valores propostos pelo Evangelho resultam do facto de a «opção por seguir Jesus» ser um ato de «inteira liberdade». É que «ninguém é obrigado a seguir Jesus», recordou D. José, apontando à inteira liberdade do convite “se alguém quiser seguir-Me”, que Jesus dirige a cada um.
«Mas não há ato maior de liberdade do que este seguimento de Jesus, porque nos sentimos e experimentamos que somos amados, somos perdoados. E este é o caminho da felicidade, é o caminho do amor, o caminho da doação inteira», acrescentou o Arcebispo Metropolita de Braga, notando que nessa opção fundamental por Jesus também «é preciso tomar a cruz». É que seguir Jesus implica «a nossa história, a nossa vida, tudo o que ela tem de belo, de sonho, de esperança, mas também tudo o que traz de tristeza e de angústia, de carregarmos a nossa própria vida».
Regresso emotivo à terra onde nasceu
D. José Cordeiro recordou a propósito, que essa experiência de alegria e de sofrimento também já foi sentida pela Diocese do Sumbe, que «nasceu nessa alegria com lágrimas», em agosto de 1975.
No ano em que «o Santo Papa Paulo VI criou quatro dioceses em Angola», entre elas a do Sumbe, D. José Cordeiro, natural de Angolo, veio para Portugal com a família. «Dou graças a Deus por todas as pessoas que fizeram parte da minha história: os meus pais, a minha família, os missionários, os párocos, e naquela altura, a Arquidiocese de Luanda», recordou D. José Cordeiro, que nasceu em Luanda 8 anos antes da criação da Diocese do Sumbe. Ontem, o Arcebispo Metropolita de Braga não escondeu o contentamento pelo regresso às origens.
«É com enorme alegria e profunda gratidão que convosco celebro hoje, e no contexto deste jubileu da nossa querida Diocese do Sumbe. Agradeço a Deus esta oportunidade, agradeço ao D. Firmino o convite também para poder estar aqui convosco nestes dias e também nesta hora no serviço desta presidência da Eucaristia. É com igual emoção que me sinto de novo nesta terra que me viu nascer para a vida e para a fé», disse D. José Cordeiro.
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