Arquidiocese de Braga -

A grande romaria de São Bento da Porta Aberta, que culmina hoje, dia 15 de agosto, solenidade da Assunção de Nossa Senhora, voltou a atrair milhares de peregrinos, muitos deles emigrantes que regressaram às suas raízes e fizeram questão de agradecer graças recebidas.

O reitor do santuário, padre António Lopes, sublinha que a terceira romaria dedicada a São Bento,  a maior do ano, é fortemente marcada pela presença de emigrantes e pela vivência da Semana Nacional das Migrações.

 «O mês de agosto é, tradicionalmente, o mês dos emigrantes. É também o mês desta romaria, que ganha um sentido especial porque muitos vêm cá uma vez por ano para se reconciliarem, para celebrar a fé e agradecer”, disse o sacerdote ao Diário do Minho.

Este ano, o santuário reforçou as condições de acolhimento dos peregrinos proporcionando-lhes a possibilidade de entrar na Basílica sem limitações de horário. Desde a segunda romaria, realizada a 11 de julho, o pórtico está aberto 24 horas por dia. 

A medida, levada a cabo pela Irmandade, pretende garantir que ninguém encontre as portas fechadas, mesmo durante a noite. 

De 15 de julho a 15 de setembro o santuário mantém também aberta a porta que dá acesso ao trono de S. Bento 24 por dia.

Principalmente nos dias das romarias chegam ao santuário muitos peregrinos a pé durante a madrugada. 

«As pessoas vêm, passam pelo trono de São Bento, e têm agora a oportunidade de rezar dentro da Basílica. Mas depois, durante os outros meses do ano, em que não temos cá o segurança, também poderão fazê-lo, porque agora o pórtico está aberto. É o verdadeiro sentido de ser o São Bento da Porta Aberta», explicou o padre António Lopes.

Promessas, pedidos e orações pelos outros

O sacerdote destaca que o apego, a devoção dos peregrinos a São Bentinho é muito forte e que é revestida de alguns aspetos curiosos como a entrega de cravos e o fazer promessas, pedidos e orações pelos outros, por vezes acompanhando-os ao santuário.

“Há muitos peregrinos que vêm por causa de doenças, em especial os famosos cravos. Há relatos de curas que nos tocam. Mas é bonito ver que muitos rezam mais pelos outros do que por si, pedem e fazem promessas pelos familiares, amigos, pessoas próximas. É uma oração aberta, solidária», destaca.

A grande romaria de Agosto termina hoje após a Eucaristia solene, às 16h00, antecedida pela oração do terço. A animação musical estará a cargo da banda filarmónica, com atuações às 10h00 e 18h00 junto ao coreto.

O dia 13 foi o ponto alto das celebrações, com a Eucaristia presidida por D. Delfim Gomes, bispo auxiliar de Braga, com a cripta repleta de fiéis. A procissão de velas, na noite anterior, também reuniu uma multidão de fiéis, num momento de grande recolhimento e devoção.

São Bento da Porta Aberta é o segundo santuário mais visitado de Portugal, apenas superado por Fátima. Segundo dados da Irmandade, cerca de dois milhões de pessoas passam anualmente por este local, às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, quer em peregrinação individual, quer em grupos organizados.

O calendário anual inclui três grandes romarias: a 21 de março (Morte ou Trânsito de São Bento), a 11 de julho (nascimento) e a de agosto, especialmente associada à diáspora portuguesa.

Município tem S. Bento como parceiro

O presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Manuel Tibo, marcou novamente presença na romaria e enalteceu a fé popular e o trabalho de proximidade da Irmandade.

«Estes dias são vividos com muita fé e com a presença de milhares de emigrantes. A Irmandade tem feito um trabalho exemplar, muito próximo do povo e disponível para ajudar quem mais precisa», disse ao Diário do Minho.

Num cenário natural envolvido pelo verde do Gerês, o autarca considera o santuário como «um baluarte de fé, um sinal de esperança num mundo que precisa de paz».

«O São Bentinho é, sem dúvida, um parceiro de excelência no caminho que queremos trilhar em conjunto», acrescentou.